terça-feira, 19 de maio de 2015

O olhar azul

O olhar azul
Nossos olhares que atropelam qualquer tentativa de recuo
E a boca em gesto obtuso, mas que implora o desassossego.
Faz transcorrer da rubra face o impetuoso desejo, 
Ao encontro cândido do cântico que é teu beijo.
É alvorada o encontro dos teus olhos,
O mais profundo azul, minha harmonia.
O mais real e puro, no ósculo lascivo,
Como manter o olhar escuro
Se espera a luz dos olhos teus, por companhia?
Na carícia suave que queima fria,
Nos dedos cegos que desvendam teu prazer,
No riso frouxo e rouco de fim do dia,
No olhar singelo eu espero o amanhecer.
E ao beijar-te, nasci na fantasia,
Ao despir-te, morri na ilusão,
Ao olhar-te eu quis que fosses minha
Ao olhar-te, reneguei minha razão.
É a paixão destes teus olhos que me cria,
Pelas margens esguias das exigências de outros olhares,
E faz-me ver, além de meus penares.
O olhar azul de encantos e, em teus cantos a alegria.
Rejane Alves

Amada flor



Ah! Minha amada flor que reflete o mundo,
No obscuro abstrato de sua cor,
E sua pele em minha palma é prólogo profundo,
Diz-me se finda ou perpetua nosso amor.

Ah! Amada flor que me vive a alma,
Da suavidade pueril, ao néctar de dor,
Ao versar-me em seus espinhos corta-me a calma,
E no acalanto da corola eu sou um sonhador.

E se renasce a cada dia resplandece o tempo
E se findas com o sol - eu a me pôr-
E quando brotas da semente constrói meu firmamento,
E despetala sob a queda do meu pranto ceifador.

Ah! Flor! Linda flor! Amada flor!
Que ao breve anuncio de primavera
Abandona seu destino e sua quimera,
Para ao meu lado no estrado decompor.

Rejane Alves