sábado, 28 de março de 2015

Viver é sofrer de amor





Viver é sofrer de amor

O que esperar da vida sem fulgores,

Sem namoros não correspondidos,

Sem as paixões e seus dissabores,

Sem os beijos roubados e perdidos?


O que querer da vida, sem temores,

Sem o frio no ventre e o penar,

Sem o ritmo do pranto a clamar,

Embriagado nas lagrimas de amores?


O que pedir da vida senão sofrer,

Pelo que vale da vida, o viver,

Se for tão doce cada olhar que se recua?


O ser que sofre por amor é exaltado,

Por este verso, tão perverso, amargurado.

Por mim que sofro de amor, assim tão crua.


Rejane Alves 

sábado, 21 de março de 2015

Tributo ao imortal (Du Pavani)

Poesias Véio China
Contos Véio China


Tributo ao imortal

                                                           (Du Pavani)

Erguemos! 
Não taças de champanhe, não é a ocasião.
Brindaremos a vida, sim!
Mas eu sugiro um Bloody Mary.
Apimentado, como a vida deve ser... Viver e viver!
Por tudo, por todos, ao mundo e à mim!
Brindaremos a arte, o vermelho intenso!
As paixões... Desilusões... 
A lágrima que me cai e me rasga 
Exibindo o vermelho causado pela embriaguez de dor!
Beberemos a densidade o cheiro e a cor.
O viço deixado nos lábios e a vodka que corre nas veias,
Também vermelhas.
Também ardentes.
Também centelhas de mim,
Presente;
Na arte abstrata de cada mente.
Na salina no fim do gole.
No viço vermelho que escorre
Nos versos que meu peito cobrem.
No fim...

domingo, 15 de março de 2015

Anjo




Anjo


Encantei-me... 

Perdi-me de amores

Ao som de um sorriso preciso, 

Sorriso que chega e afugenta as dores.


Embalei-me... 

Nas asas em cores.

Nas plumas suaves,no toque de vento,

Exaurindo a tristeza,tornou-se alento.

Tornou-se meu vicio,artificio em fulgores.


(À plenitude de um amor divino)


Vivemos... 

Pela madrugada!


Anjo terreno,sorriso pequeno,

Semblante ameno,

Na face encantada.


Amemos...

Na infinda alvorada!


Rejane Alves




quarta-feira, 11 de março de 2015

Noites de outono



Faz frio...



Os pelos ouriçados anunciam a solidão, 
Nenhum atrito aquece o corpo, 
Nenhuma chama de paixão...

O silencio também esfria a alma, 
E toda a tristeza espalma, 
Feridas escondidas da razão.

No frio a gélida amargura, 
Nas doces lembranças procura, 
Algo que lhe aqueça o coração.

Dos rompantes de saudade, a tessitura... 
Do romance acabado, a jura... 
E dos beijos roubados, a emoção.

Rejane Alves

Imagem de Luiz Pinto 

Minhas mulheres


Minhas Mulheres


É... eu amo uma mulher que me fascina,
Por sua força, sua garra, sua sina,
Sua voz forte no sorriso de menina.
E amo uma mulher que me namora,
Fita-me os olhos se minha lucidez demora.
E repreende minha insensatez na hora.
Com suas razões que à minha razão se destina.

Mulata forte do sorriso estridente,
Chora suas dores pelo olhar displicente.
Amo-a! Por uma vida inocente.

E a senhora subjugada ao destino
Que sorri, ainda um riso feminino,
Amo-a! Mesmo quando desatino.

Tem aquela, que tantos filhos, acolheu!
Abrigou em seu íntimo, reviveu!
Amo-a! Mais que tudo que é só meu.

E a professora que eu tanto copiei,
Antes de mestra, a primeira que amei.
Amo-a! Um amor que ofertei.

E a vovozinha que já nem me ouve mais,
Que hoje o pouco, é tão pouco o que a apraz.
Amo-a! É esse amor, sem mas!

Amo uma mulher que tão distante,
Ainda me aperta o peito, flagelante.
Amo-a! A cada vivido instante.

Amo a Jéssica, a Neiva, a Ivete, a Priscila, 
A Maria, a Marcia, a Tamires...
A Carla, a Karina e a “Maria” Aldinéia,
Todas que são “Joana”,”Olga” ou “Almélia”.
Amo-as! Apenas por serem elas!


Rejane Alves


Imagem arte tecnológica de Luis Pinto

sábado, 7 de março de 2015

Beijo de chuva



A chuva que tece no vento,
O toque suave do beijo...
Sabor dos teus lábios... Desejo!
Ao sentir-me molhar no tempo.

Ao sentir-me molhar no tempo,
As gotas de chuva almejo,
Sabor que dá doce ao vento...
No toque dos lábios,no beijo!

Rejane Alves



Arte tecnológica de Nico Sebolt

sexta-feira, 6 de março de 2015

Voar alto



Voar alto



Voar alto, no espaço me deitar,
Repousar sobre seus braços,
Aos afagos me entregar.
Voar alto, pés no chão,
Corpo a planar!

Voar alto, assim como se fosse... 
Gotas de chuva vindas do atlântico,
Umedecendo o vento e o seu cântico,
Sussurros quânticos, em timbre doce.

Voar alto, no limite da loucura,
Voar de corpo e mente! 
E a tessitura?
Voar!

Rejane Alves


terça-feira, 3 de março de 2015

Teus passarinhos




Teus passarinhos

Ouço o som do tilintar do teu sorriso.
De cada gesto de teus lábios para os meus.
É o cantar do rouxinol que ia partindo.

E ao tocar cada carinho, se perdeu.

Ouço ! No entanto não vejo teus passarinhos...
Bem que vi... Que o Bem-te-vi se escondeu.
Na covinha do seu rosto entristecido ....
E como arauto em meu sorriso renasceu .

E como e bela a aquarela que irradia ... 
Na água doce que transborda ao te olhar...
E o beija-flor que a bebe como se fosse...
Um rio em fúria a nascer do meu penar .

Ah ! Como eu amo a paisagem que se cria...
Abrindo os olhos...
E não me vendo sozinho.
Junto ao meu rosto...
O teu rosto vem surgindo...
E ao meu ouvido surgem os teus passarinhos.

Rejane Alves 


Soturno



 Soturno

Nem precisaria o hoje amanhecer.
Se eu consegui me confortar na madrugada.
Fiz melodia ouvindo o som da estrada.
Que corta o meu sono no caminho.
Pra que amanhecer se estou sozinho?!
Se a TV hoje é tão boa companhia...
E ocioso será talvez o dia.
E se o sol tem recusado meu carinho.

Na manhã não ouvirei o passarinho.
Que agora eu crio em minha mente.
Foi preciso,só pra me ver contente.
E aceitar meu travesseiro como ninho.
Se eu sei que em poucas horas novamente...
Voltarei ao mau sentido de viver.
Até me conformar irei sofrer.
E ao fim do sofrimento, amanhecer.

Rejane Alves

Poema tirano


Poema tirano

Do alto os fogos, a festa o delírio
Em baixo é fogo, é choro e martírio.

Agrupam-se os corações
Em medo e em piedade.

Entre o vai e vem 
Das exigências
Das influências
Do abuso imoral 
Deprime e se comprime:
- A sociedade.

São fogos, é felicidade...

No sorriso pueril da mocidade
Percorre a trajetória de glória.
Acompanha [sempre] do alto
E do alto... Tudo é cidade.

De baixo, ouve-se o pranto
Os gritos sentidos na alma
Os gritos que doem tanto.

Doem dobrado... 
No sorriso do menino.

Entre lágrimas, lavam o sangue 
No rosto, lavam as dores
No posto, vive seu fado.

E numa espera ilusória
No gemido, afogam-se as dores.

E p'ro alto - parte o menino
Finca as unhas no chão.

De baixo ve-se o canhão
De cima, é doce ilusão
De longe, o paraíso.

Vejo apenas o sorriso
O sorriso se partindo
A dor mais forte surgindo
E junto aos fogos explodem:
O pranto, a dor e a emoção.


Rejane Alves

O poeta e a dor




Poetas não sentem dor.
E cada lágrima que escorre por sua face,
Não é sua e nem de ninguém.
É apenas a água salubre que por seu retrato flutua.
São apenas águas que nascem e caminham... Além.

A dor sacrifica a alma.
Em devaneio assegura.
Posto firme que acalma.
Disfarça a mágoa,a cura.

Poetas criam,vivem,transformam-se em dor.
Pois sentir é mínima loucura.


Rejane Alves

Tenho medo de não encontrar os pássaros




"Tenho medo de não encontrar os pássaros"



Eu me lembro de quando não sabia voar,
Eu adorava ver você tentando...
Sem medos...
                                                Sem desesperos...
                                                                                Eu via você se jogando...
                                                                                                                                       ...  

E você subia cada vez mais alto,
E se perdia na nuvem que ia passando,
Fechava os olhos ao avistar o horizonte,
Abria os braços e se via... 
    Voando...

Eu quis lhe dar asas para ganhar seu sorriso,
E também ganhei asas ao sentir você me amando,
Extingui nossos pássaros para lhe fazer voar,
Eu lhe fiz par de asas para comigo sonhar,
E eu desses sonhos, me alimentando.

Vi você alçar voo rumo ao infinito,
E voltar em segundos, triste... chorando.
Não tivera em seu voo o que mais queria,
O que tanto almejava em sua fantasia;
Os pássaros que o azul, seguiam buscando.

E o meu desespero diante das lagrimas,
Tomou conta do amor que eu vinha criando.
Deixei você partir, seu caminho seguir,
Já não haviam pássaros... 
Você foi caminhando.
Eu me lembro de quando não sabia voar
Eu hoje queria ver você tentando.

Rejane Alves

segunda-feira, 2 de março de 2015

Chuva na janela




No silêncio da manhã,
Os pingos de chuva
Completam o vazio.
No corredor escuro e esguio;
Apenas meus passos.

Na cozinha o relógio conta o sofrer do dia,
Conta as horas que passo na melancolia.
E eu ouço;
Apenas meus passos.

Faço de um girassol 
Meu arauto perfeito.
Das lembranças que inundam 
Meus sonhos,
Meu leito.
Já não ouço apenas meus pass

os.
E a chuva à janela
Que abranda o martírio.
Puros pingos de chuva
Que me tiram do exílio ,
Me fazendo buscar os teus passos.


Rejane Alves